terça-feira, 17 de maio de 2011

Olhar de olhos fechados e com a alma aberta

Eu existo. E não sei pra quem mais além de mim.
E atravessando a Travessa do Cego de olhos abertos, escuto o grito dos passarinhos. Vejo a coisa mais triste..o murmúrio mais angustiante, o desejo mais infeliz: ser livre.
E gritam, pulam, se sacodem, desesperam.
é inútil. é inútil.
Todos os ouvem. Todos os vêem.
Será que enxergam? Será que escutam?
Será que se sentem triste também? Será que sentem?
Eu vi. E foi a coisa mais triste que eu já vi na vida.
Silêncio.
Eles me vêem. E param. Esperam. Acreditam que posso salvá-los. Eu não posso nem a mim.
E voltam a gritar, aos poucos, mais desolados, mais desesperados.
Se sacodem. Se machucam. é tudo em vão.
Podem gritar a noite toda.
Uma hora o dia há de amanhecer. E com ele, as pessoas vão gritar, vão se sacudir, vão se machucar. Tudo em vão.
O cego que atravessou a travessa ficou mudo. Mudou quando viu a vida enjaulada suplicar por liberdade de maneira tão desesperada. A vida gritava.
Ficou mudo.E enxergou.
Sentiu a dor. E foi a coisa mais triste que ele já sentiu na vida.

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